A fotogafia da capa é a frontaria de uma casa em Sabrosa, Trás-os-Montes, que a Lena fez num dia luminoso de dezembro de 2002.
ah were the wind to come
and wool and light
a train in the night
a sudden scent
wind – little it were
time – ample enough
a voice that would call
a gaze I'd recall
some light perhaps when I silent fall
ah se houvera vento
e lã e lume
um comboio na noite
um súbito perfume
vento --- pouco que fosse
tempo --- quanto bastasse
uma voz que me chamasse
um olhar que reconheça
alguma luz talvez quando emudeça
acaricia-me a amarga língua do tempo
quando em vão espero
o branco
e a luz me cega
na perda irreparável do teu rosto
ou na subtil ondulação das dálias
onde quer que habites eu demoro
reuni alguns cadernos onde outrora a alma
certas tardes ausentes
e outras coisas leves e perigosas
como a textura matinal da pele
e um bisturi de vento
pensei
de pouco serve esperar a floração da cinza
quando urdido o luto
vivacidade inútil
que de meus passos despidos se alimenta
partir o que me traz
se em teus olhos líquidos navego
e apenas o silêncio me acrescenta?
os corpos do poema erguem demoras
alguns segredos que o são ainda
e a gradação da luz no bordado da noite
junta-se depois a densa transparência da fruta
duas ou três obsessões a gosto
e um gato que havia lá por casa
do labor infatigável das palavras
no entanto
apenas um fio de silêncio me ilumina