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18 de Junho de 2003

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Futebol

Entrevista a Mourinho

José Mourinho: "Para ganhar, vale tudo"

2003-06-18

Jose Mourinho

No pensamento de Mourinho está um FC Porto rolando sobre carris depois dele ter ido embora. Para isso, chegariam os três anos de contrato que assinou com a ideia de os cumprir. É um treinador de convicções anti-sísmicas, que não gosta de laterais baixos, não quer centrais grandes e lentos e vê pouca utilidade nos jogadores de contra-ataque. Também não lhe agrada responder aos desejos de boa sorte dos treinadores adversários, antes dos jogos - aliás, a outra equipa é sempre "inimiga". E reconhece com frontalidade que pediu a Deco a expulsão de Éder, durante o primeiro jogo com o Benfica, como assume que, nas devidas circunstâncias, colocaria a hipótese de jogar tão fechado como o Boavista nas Antas. Em definitivo, a opinião dos outros não foi um obstáculo a esta entrevista

Esta é uma entrevista específica. Não há nela nada de acessório, nenhum pedido de comentário a assunto algum que não tenha directamente a ver com o homem do momento. É apenas uma tentativa de decifração daquilo que se vai dizendo: que José Mourinho não é apenas o homem do momento. Talvez tenha havido, nesta conversa de duas horas, menos perguntas inéditas do que desejaríamos, mas nas respostas que o treinador do FC Porto deu houve, com certeza, algumas respostas inéditas. José Mourinho afirma, por exemplo, que faria tudo para ganhar, embora defendendo uma espécie de moralidade do bom futebol sempre que possível ou aconselhável. Mas não está preocupado com isso. Diz coisas para chocar, agarrando a questão polémica imediatamente pelo pescoço - "adversário é inimigo"- , e confirma outras sem hesitações. Em Sevilha, antes da final, foi convidado por dois candidatos à presidência do Barcelona. Respondeu "não", entre outros motivos, porque não quer direcções fracas.

JOGO| É treinador para dizer ao Deco 'expulsa o Éder, arranca-lhe um vermelho"?
JOSÉ MOURINHO| Então não sou?

P| Foi isso que fez?
R| Claro. Mas expulsar é ir à procura da situação. É dizer-lhe 'ao invés de jogares pelo lado direito, onde vais encontrar - já não sei quem era -, o Ricardo Rocha sem cartão nenhum, começa a cair para a esquerda e vai à procura do cartão'. Isto digo eu e dizem todos. Só não dizem aqueles que, durante o jogo, estão todos borradinhos no banco e não têm tempo para ver sequer quem é que, do adversário, apanhou cartão amarelo.

P| Sabe que isso contraria uma certa moralidade do discurso instituído no futebol português...
R| Não sei porquê. Eu assumo que, quando fui expulso no jogo contra a Lázio, não tomei aquele atitude por me ter passado da cabeça: vi foi que a Lázio estava numa situação de contra-ataque. Isto não é fair-play. E por isso é que fui castigado e tive de ficar na bancada, em Roma.

P| Se não tivesse outros meios de ganhar ou de garantir um resultado positivo, colocaria alguma vez a hipótese de jogar como o Boavista fez nas Antas esta época?
R| Depende do jogo e da situação. Como treinador do Leiria, quando não jogava para ganhar títulos e com o único objectivo de vencer o maior número de jogos possível, nunca faria uma coisa dessas. A partir do momento em que senti, no Leiria, à sexta ou sétima jornada, que estávamos a caminhar no sentido de uma estabilidade total, nunca o faria. Agora, se estivesse numa equipa de menor expressão e precisasse de um ponto ou de uma vitória para não descer de divisão, aí, meu amigo, vale tudo. Seria o mesmo se jogasse para o título e faltasse um ponto ou uma vitória. Vale tudo. Para ganhar, vale tudo. Mas naquela situação, quando o Boavista não jogava para a permanência nem para o título e nem sequer para a Taça UEFA, porque ficou longe logo desde o início, acho que não havia motivo nenhum para que o jogo tivesse sido o que foi. Mas cada um sabe de si.

P| É ou não contraproducente ter uma imagem simpática do adversário?
R| Uma imagem simpática?

P| Agrada-lhe que haja uma empatia, uma relação amistosa entre a sua equipa e o adversário?
R| A mim não. O adversário é inimigo. Nem gosto muito de os cumprimentar antes dos jogos. E quando os colegas treinadores me desejam boa sorte não respondo.

P| Entra nos jogos de semblante carregado, sai dos jogos sem ter dado um sorriso. Está a cultivar uma imagem de marca?
R| Sou eu mesmo. Um jogo é, inegavelmente, um momento de prazer. Adoro os jogos e, quando me dirijo para o relvado, vou contente. Quanto maior, maior a satisfação. Mas vou altamente concentrado. Estou à vontade, converso, rio, até um quarto-de-hora, vinte minutos antes de começar. Quando saio do balneário, vou completamente absorvido pelo que tenho de fazer. Vou tentar ler o jogo, absorvê-lo o mais possível. Sou assim.

P| O ano que completou fez de si, provavelmente, a figura mais adorada do universo FC Porto. Isso não mexe consigo? E se não mexe é porque acha que, daqui por uns anos, as pessoas já esqueceram?
R| Não estou à espera de que, um dia, se as coisas me correrem mal as pessoas abdiquem de me criticarem ou de alguma manifestação pública contra mim - os assobios tradicionais ou coisa do género -, até porque aquilo que conseguimos é passado. Agora, acho que continuará inquestionável o respeito eterno. Já passaram muitos anos, mas quando o Artur Jorge vier jogar às Antas terá uma recepção fantástica, porque é um treinador marcante. E, quer queiram quer não, eu passei a ser um treinador marcante na história do FC Porto. Quando regressar, daqui a dez anos, vou ser aplaudido, vou ser bem recebido e vou ser querido. Acho que o reconhecimento ficará para sempre. Agora, a pressão que sobre mim existirá para que os resultados sejam bons vai existir - e se não existir, serei eu a pedi-la, porque não quero perder a sair a rir, ou perder e sair tranquilo por saber que tenho uma grande margem de erro. Não quero isso. Quero continuar a viver com a mesma pressão a que me habituei depois de cá ter chegado sem nada ganho. A ideia que transmitirei aos jogadores na próxima época é essa. Não podemos viver à sombra do que conseguimos este ano.



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Manuel Tavares - manuel.tavares@ojogo.pt

Jose Manuel Ribeiro

Rui Gomes

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Bosingwa

Bosingwa por Ricardo e meio

2003-06-18

Bosingwa

O FC Porto e o Boavista chegaram a acordo para a transferência do médio para as Antas. Os portistas ficaram com 50 por cento do valor do passe, cedendo Ricardo Silva aos axadrezados como contrapartida e perdoando os 50 mil contos por Ricardo Sousa

Bosingwa foi apresentado ontem como o primeiro reforço do FC Porto para a próxima temporada. A transferência do médio para as Antas foi sugerida aos dirigentes portistas pelos representantes do jogador - Rui Neno, Nélson Almeida e Pedro Romão - tendo sido acordada com o Boavista em pouco mais de 24 horas. O jogador de 20 anos de idade - completa 21 em Agosto - assinou por quatro épocas com os portistas, contemplando o contrato mais duas temporadas de opção.

De acordo com Pinto da Costa, presidente do FC Porto, o negócio só foi concretizado depois de José Mourinho ter dado o seu aval, manifestando uma confiança absoluta nas qualidades do médio axadrezado que ocupará a vaga deixada em aberto pela saída de Paulinho Santos, que terminou a carreira esta temporada. Bosingwa é um médio polivalente, actuando principalmente como trinco mas revelando-se igualmente à vontade noutras zonas do campo.

O FC Porto garantiu 50 por cento do passe do jogador - isso mesmo foi confirmado por comunicado do clube à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários com data de ontem, o que significa que, no caso de uma eventual transferência do jogador, os portistas apenas terão direito a metade do respectivo valor.

Contudo, o negócio envolveu ainda outras contrapartidas, concretamente a transferência de Ricardo Silva para o Boavista. O central que esteve na última temporada cedido ao Guimarães vinculou-se por duas épocas aos axadrezados mas só deverá ser apresentado no Bessa depois de voltar do Brasil onde vai passar os próximos 15 dias no gozo de férias. Para além de ter garantido a totalidade do passe do defesa, que regressa ao clube onde foi formado, o Boavista terá assegurado que seja o FC Porto a pagar-lhe os respectivos salários, no valor de cerca de 500 mil contos que os portistas vão pagar a título de indemnização pela rescisão.

O acordo entre os dois clubes prevê ainda que o Boavista não pague os 50 mil contos devidos ao FC Porto pela transferência de Ricardo Sousa do Beira-Mar para o Bessa. Os portistas apenas acordaram na saída do médio para o clube de Aveiro no início da última temporada sob a condição de o jogador não ser transferido no prazo de dois anos, sob caução de 50 mil contos.

Está ainda acordada a realização de um jogo particular entre as duas equipas, a realizar em data oportuna durante a pré-temporada. Segundo um comunicado da SAD do Boavista emitido ontem, o negócio global rondará um valor de cerca de 1,5 milhões de euros.



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Jorge Maia - jorge.maia@ojogo.pt - Pagina pessoal

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Basquetebol

Campeonato da Liga TMN

Sensacional PT já deixa saudades

2003-06-18

A final de todas as emoções não defraudou as expectativas e coroou a Portugal Telecom tricampeã nacional de basquetebol, com uma vitória, por 79-76, sobre a Oliveirense, no quinto jogo da mais empolgante final portuguesa de sempre .

Ninguém duvida que pela cabeça de Luís Magalhães, o treinador tricampeão, terá passado, no momento em que terminou o jogo de ontem, mais do que a vontade de festejar novo título. Porque essa brilhante conquista foi a vitória de um consistente e ambicioso projecto do basquetebol português, que agitou mesmo a modalidade há sete anos atrás. E esse projecto, o da Portugal Telecom, terminou ontem, em euforia, porque de há algum tempo a esta parte está anunciado o seu fim.

Por falar em projectos, uma palavra para o que ontem perdeu mais uma final da Liga TMN, o da Oliveirense Simoldes. O título era o prémio mais ambicionado mas escapou novamente, a encerrar uma época em que a equipa foi dominadora e também ganhadora - não podem esquecer-se os êxitos da Taça da Liga e na Taça de Portugal. No fundo, foram dignos os dois finalistas, e proporcionaram uma final de "play-off" que por muito tempo perdurará na memória. Ontem, em Oliveira de Azeméis viveu-se o mais infernal ambiente de que há memória na modalidade no nosso país, e essa foi outra vitória, a do basquetebol, que jogado e vivido assim é muito mais bonito.



Rui Gomes

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Henrique Vieira

"Pagámos caro a ansiedade"

2003-06-18

"Pagámos caro a ansiedade que acusámos sobretudo no início do jogo. A PT é uma grande equipa e nós não fomos fortes mentalmente. Mas estou muito contente, porque dentro do campo fizemos tudo o que podíamos fazer".

LUÍS MAGALHÃES: "Profissionais fantásticos"

"O que sinto é uma satisfação imensa, e continuo a dizer que estes jogadores são fenomenais. São profissionais fantásticos, pois é quase como se dessem a sua vida por um jogo".

CARLOS SEIXAS: "Esteve quase..."

"Conseguimos trazer o quinto jogo para aqui e perder é muito triste. Mas a PT mereceu ganhar este jogo. Esteve quase... Só tenho pena que o pessoal que veio até aqui não tenha podido festejar".

Leroy Watkins: "Resposta a quem duvidava"

"Estou muito contente. Isto foi uma resposta a todos aqueles que duvidavam do nosso valor e com este título provamos que tudo é possível. Foi uma eliminatória muito difícil".

Flávio Nascimento: "Não tenho palavras"

"Não tenho palavras para descrever o que sinto. Queria agradecer a este público maravilhoso. É pena que um projecto de campeões como este acabe desta maneira, mas não podia desejar melhor final de carreira".

Paulo Simão: "Grande alegria"

"Sinto uma grande alegria e um projecto ganhador como este não deveria acabar aqui. Há aqui pessoas que viveram isto em muitos aspectos e mereciam continuar. O profissionalismo deste conjunto pode servir de exemplo a outros clubes".

Jean Jacques: "Todas as vitórias são importantes"

"É sempre bom ganhar, todas as vitórias são importantes. Estou muito feliz. Só Deus sabe o meu futuro e quero agradecer a Deus pela vitória".

Marcus Norris: "Foi o mais saboroso de todos"



Manuel Tavares - manuel.tavares@ojogo.pt

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